por Lucia Fialho Cronemberger*
“O que você faz, ou precisa fazer, para estabelecer uma relação de colaboração com alguém? Quando você sente que está colaborando? ”
Como colocado em um artigo anterior**, entendemos Práticas Colaborativas como “conhecer e fazer junto com”… Atuação pertinente de profissionais entre si e profissionais e cliente.
Este fazer “junto com” convida-nos à partilha, à interação, compondo parceria com os que nos procuram, oferecendo nossos diversos saberes, onde o diálogo permanece em evidência. Reconhecer e respeitar o outro, como verdadeiro outro, portador de particularidades, competências e saberes próprios, desencadeia uma nova postura profissional.
Portanto, avançar na forma de trabalhar enquanto equipe, nos parece ser primordial se queremos trabalhar colaborativamente em qualquer área que atuamos.
Ao pensar no divorcio colaborativo urge visitar o processo e sua proposta: Um olhar cuidadoso para o casal e filhos neste momento de tamanha dor e múltiplos sentimentos que a situação de um divorcio demanda. Abre-se a possibilidade de cuidar dos aspectos emocionais, financeiros, sociais, além dos aspectos jurídicos que envolvem a família nesse momento.
Na procura de novos caminhos que satisfaçam as exigências que o momento impõe, o trabalho de uma equipe se faz presente – advogados, coaches colaborativos, especialista infantil e financeiro. Um trabalho que vai além do simples encaminhamento a um outro profissional especialista. É uma forma mais complexa de atuação, onde os diversos atores dessa equipe com seus saberes importantes e diferentes irão interagir e trabalhar colaborativamente para que a família possa construir novas formas de convivência. Cabe ajudar pais e filhos a redesenharem suas interações, de forma que todos se sintam cuidados e contemplados nas suas necessidades.
Se visualizamos o modelo de Equipe proposta no Divórcio Colaborativo, percebemos que ela além dos atendimentos de cada profissional com pais e do especialista infantil com os filhos contempla também múltiplos encontros e ou reuniões entre os profissionais e entre eles e seus clientes para que possam avançar no plano de parentalidade. Procurando assegurar assim, de forma mais ampla possível às necessidades da família – pais e filhos – mesmo em face da dissolução da sociedade conjugal. Isto é o que chamamos de construção de um plano de parentalidade.
Como exemplo de encontros previstos nesse trabalho, podemos citar: encontro a 5 (especialista infantil com os pais e seus coaches); encontro a 7 (especialista infantil com os pais, advogados e coaches); entre pais advogados e coaches; entre especialista financeiro, pais e advogados…. Sem esquecer o planejamento, a avaliação e a reflexão que cada encontro exige dos profissionais que pretendem aprimorar o seu fazer.
Ao nos reportamos a essa Equipe, como podemos pensar estas conexões se não incluirmos no processo de trabalho encontros e conversas? Faz-se primordial azeitar as interações entre os profissionais que a compõe.
Isso nos faz crer que a consistência e a eficácia da equipe vão além dos saberes individuais; estão também relacionados à qualidade dos laços construídos entre seus membros e deles com seus clientes.
Podemos visualizar nesse trabalho a tessitura de uma rede, onde cada fio nessa trama será e terá o suporte de sustentação do outro fio… ou seja, cada membro participante com o seu saber cria e promove a possibilidade de conexões variadas, criativas e complexas.
São Paulo, outubro 2015.
*Lucia Fialho Cronemberger
Mediadora e Coach Colaborativa no Divorcio
** Práticas Colaborativas – Ana Lucia Catão, Lucia Fialho Cronemberger e Silvana Cappanari. – 2014